domingo, 28 de outubro de 2012

Uma História que não é contada - Parte 3

O Mito da Inquisição

Um pequeno mas valoroso vídeo que fala sobre a Inquisição:


Documentário “O Mito da Inquisição Espanhola” (Dublado, dividido em 4 partes), produzido pela BBC de Londres e exibido pela TV Escola. O vídeo traz depoimentos de pesquisadores isentos e renomados que se debruçaram sobre este complexo tema, desmitificando falsificações históricas arquitetadas com o único objetivo de criar uma lenda negra em torno desta complexa instituição e, destarte, desmerecer a Igreja Católica e sua contribuição decisiva na construção da civilização ocidental.

Parte 1


Parte 2



Parte 3



Parte 4




Uma história que não é contada - Parte 2



O testemunho de um agnóstico


O Prof. Léo Moulin, que foi cinquenta anos docente da Unicersidade Maçônica de Bruxelas, Universidade fundada para para fazer frente à Católica de Louvain, era filho de família agnóstica, anticlerical voltada para o Socialismo. Moulin falou como agnóstico, respondendo ao jornalista italiano Vittorio Messori, que o entrevistou. Eis o que declarou:

“O século XIII, vértice da sociedade medieval, é um dos pontos mais altos e luminosos da história do Ocidente ou mesmo da humanidade. Em poucos decênios, tivemos Giotto, Dante, Tomás de Aquino, mil catedrais… “

Moulin ri do mito dos “séculos obscuros”:


"Eis um breve e incompleto elenco das invenções tecnológicas (obras, quase todas, de monges beneditinos) do homem medieval, que, como diz a lenda, vivia na ignorância e na penitência, apenas à espera do fim do mundo: o moinho de água, a serra hidráulica, a pólvora preta, o relógio mecânico, o arado, a relha, o timão, a roda, o jugo para o cavalo, o canal com reclusas e portas, a canga múltipla para os bois, a máquina para enovelar a seda, o guindaste, a dobadoura, o tear; o cabrestante complexo, a bússola magnética, os óculos. Acrescentemos a imprensa, o ferro fundido, a técnica de refinação, a utilização do carvão fóssil, a química dos ácidos e das bases, etc. Esse impulso ao conhecimento científico e tecnológico continuou nos séculos seguintes: no início do século XVII a Europa contava 108 Universidades, enquanto no resto do mundo não havia uma só... isto põe um problema para o historiador. Por que é que o desenvolvimento ocorreu somente em área cristã, e não fora desta? Por que, hoje ainda, entre os dez países mais evoluidos e ricos do mundo, nove são de tradição cristã? Não há outra explicação senão a que já expus em livros dedicados à questão: há na mensagem cristã alguma coisa que leva osgérmens do desenvolvimento e do progresso. A antropologia da Bíblia exalta o homem e o põe no centro do universo. Além disto, pregando igualdade, ela cria uma sociedade livre, sem barreiras sacrais ou de castas; não há, pois, como se surpreender se, alimentado por tal mensagem, o homem europeu conquistou o mundo... Por que as suas naves lhe permitiam dominar os mares? Por que ele, e ele só, sentiu a necessidade de expandir-se sobre a terra inteira, enquanto a África, a Ásia, a América pré-colombiana permaneciam imóveis nos seus confins? Sem esta nossa maravilhosa Europa, o mundo, como o conhecemos, não existiria. Mas não existiria nem mesmo esta Europa recoberta de glórias, sem as suas raízes cristãs e sem os seus monges".

Uma história que não é contada - Parte 1




Visão deturpada sobre a Idade Média


Muitas vezes vemos ser usado o termo "Idade das Trevas" para se caracterizar a Idade Média cristã; é um grande absurdo e preconceito contra este tempo e contra a Igreja, além de ser um grave erro histórico.

A Idade Média não foi um período de desorganização política, econômica e cultural; não foi um período de desprezo da razão e da morte do saber e da ciência. Essas mentiras absurdas e anti-históricas, foram inventadas pelos filósofos iluministas, que, acreditando serem eles os "iluminados" pela "deusa da razão" que entronizaram na Catedral de Notre Dame de Paris, na época da Revolução Francesa ( 1789 ), odiavam a Idade Média por ser este um período em que a Igreja católica mais exerceu a sua boa influência no mundo.

Debaixo de um ódio ideológico à Igreja católica, Diderot, D' Alembert, Montesquieu, Rousseau, Turgot, Condorcet, Voltaire... deram à Idade Média o título de "Idade das Trevas", chamando o movimento deles de "Iluminista", uma vez que diziam "jogar a luz sobre as trevas" da Idade Média e da Fé Católica ( Souza T. F., 2007 ). "Eles acusavam, como veremos, a Igreja de Inimiga da razão e do desenvolvimento das Ciências; e que pretendia encarcerar o homem nas trevas da Religião através dos dogmas; e inimiga da liberdade. Neste livro você poderá constatar que tudo isso é uma grande falsidade e ódio gratuito a Igreja católica".

Para os iluministas, a Idade Média foi a Idade do Atraso, onde o conhecimento era reservado a poucos; o saber dominado pela Igreja, que assim dominava o povo ignorante com superstições e misticismos; e que cientistas eram assassinados e "grandes filósofos" calados nas fogueira da Inquisição, etc...

Lamentavelmente esta triste e injusta mentalidade ainda existe hoje em nossas universidades, embora amplamente desmentida pelos historiadores modernos.

Com a expressão "Idade Média", os iluministas queriam pejorativamente caracterizar o período da Língua Latina que vai da Idade Clássica antiga no século V ao renascimento da mesma no século XV. Para esses pseudo "iluminados", a Idade Média estava entre duas épocas áureas ( entre os séculos V e XVI ), e seria uma fase apagada ou "decadente" na história do idioma latino entre 476 e 1453. A palavra Gótico era usada como sinônimo de bárbaro, algo absurdo. O protestantismo infelizmente reforçou esta mentalidade pejorativa.

No século XVIII, o Iluminismo repetiu as mesmas sentenças, como vemos nos escritos de Voltaire, Montesquieu, D' Alembert... acusando a Igreja de promover a superstição e a ingenuidade da mente. Mas no século XIX a historiografia do romantismo reconheceu os valores medievais. Esses iluministas, paradoxalmente se apropriaram das universidades nos século XVII e XVIII, QUE FORAM CRIADAS PELA IGREJA, como se fossem seus fundadores para atacar a Igreja.

Em 1688, o historiador alemão Cristóvão Keller ( Cellarius) na sua "Historia da Idade Media", adotou pela primeira vez este nome.

A maioria das pessoas que falam sobre a Idade Média, nunca a estudaram devidamente; apenas a conheceram por sua "má fama", propagada pelos adversários da Igreja, alguns revoltados professores de colégio e universidades. A única idéia que têm dela é de um período de execuções, massacres, cenas de violência, fome, epidemias... É frequente ouvirem-se observações como: "Não estamos mais na Idade Média" ou "É uma mentalidade medieval, obscurantista".

A historiadora Régine Pernoud, especialista francesa em estudos medievais, desmentiu cientificamente essa mentalidade errada e perversa no seu livro "Lumière du Moyen-Age", publicado em 1945, que mereceu-lhe o prêmio "Fémina Vacaresco" de Crítica e História. Em 1978, a autora editou "Pour en finir avec le Moyen-Age", obra que lhe valeu o prêmio "Sola-Cabiati" da cidade de Paris e a consagração da crítica como sendo uma das mais notáveis conhecedoras da Idade Média. Tal obra foi traduzida para o português com o título "Idade Média: O que não nos ensinaram", pela editora Agir, SP.

Eis as palavras com que a historiadora medievalista conclui seus estudos sobre os costumes dos cidadãos da Idade Média: "Do conjunto sobressai uma confiança na vida, uma alegria de viver do que não encontramos em mais nenhuma civilização. Essa espécie de fatalidade que pesa sobre o mundo antigo, esse teor do Destino, deus implacável ao qual os próprios deuses estão submetidos, o mundo medieval ignorou-a totalmente". ( Pernoud, 1997 ).

Na verdade, os mil anos da Idade Média ( 476-1453 ) foram uma fase valiosa e rica da historia da humanidade, onde a nossa civilização ocidental, hoje preponderante, foi "preparada e moldada pela luz de Cristo". Os cristãos medievais salvaram o que havia de bom na cultura greco-romana, após a invasão dos bárbaros, e a desenvolveram de modo cristão, lançando as bases da nossa civilização moderna.

A cultura predominante em nossos dias é a ocidental, e esta tem sua origem na Europa medieval moldada pela Igreja. A época moderna não surgiu a partir do nada; seus valores foram cultivados na Idade Média; como então esta época poderia ser negativa? A Idade Média é a raiz boa da nossa Civilização Ocidental; e não, como querem alguns, a decadência do mundo romano antigo. A Idade Média berçou o mundo moderno.

O historiador agnóstico Will Durant ( 1950 ), defende a Igreja: " A causa básica da regressão cultural não foi o Cristianismo, mas o barbarismo; não a religião, mas a guerra. O empobrecimento e ruína das cidades, mosteiros, bibliotecas, escolas, tornaram impossível a vida escolar e científica. Talvez a destruição tivesse sido pior se a Igreja não tivesse mantido alguma ordem na civilização decadente." " Muito antes que as escolas leigas surgissem no século XII. a Igreja já mantinha escolas nos centros urbanos e nos mosteiros. É raríssimo encontrar um intelectual medieval que não tenha aprendido as primeiras letras num mosteiro. O gênio da filosofia medieval, Tomás de Aquino, iniciou seus estudos na Abadia de Montecassino, em 1230, com cinco anos de idade, sob orientação dos monges beneditinos, entrando para a Ordem dos Dominicanos, em 1244. O grande poeta florentino e maior poeta italiano, Dante Alighieri, estudou inicialmente no Convento de Santa Croce, em Florença, sob orientação dos franciscanos. Se Dante foi o intelectual de primeira categoria, é porque foi educado em boa escola. Isto é prova de que este período não era um "período de trevas".

Foi um monge católico, o inglês Alcuín, ministro de Carlos Magno (+814) quem estabeleceu um programa de estudos para as escolas da época medieval, explorando as ditas Sete Artes: o "Trivium", que abrangia as três matérias de ensino literário: gramática, retórica e dialética; e o "Quadrivium", que abrangia as quatro matérias de ensino científico: astronomia, música, aritmética e geometria.

Durante o Renascimento promovido pelo o imperador Carlos Magno foi confiada à Igreja Católica a tarefa de educar o povo, através de escolas dos monges e de escolas catedrais. ( Souza T. F., 2007 ).


sábado, 25 de agosto de 2012

Não devemos nada ao feminismo!




Transcrevo aqui um excelente texto da jovem filósofa Talyta Carvalho, publicado ontem na Folha de São Paulo por ocasião do Dia Internacional da mulher:

As feministas chamaram de libertação a saída forçada da lar para trabalhar; sua intolerância tornou constrangedor decidir ser dona de casa e cuidar dos filhos.
Na história da espécie humana, a ideia de que a mulher deveria trabalhar prevaleceu com frequência muito maior do que a ideia de que deveria ficar em casa cuidando dos filhos.
Não raro, o trabalho que cabia à mulher era árduo e de grande impacto físico. Para a mulher comum na pré-história, na Idade Média, e até o século 19, não trabalhar não era uma opção.
Uma das conquistas do sistema econômico foi que, no século 20, a produtividade havia aumentado tanto que um homem de classe média era capaz de ter um salário bom o suficiente para que sua esposa não precisasse trabalhar.
No período das grandes guerras e no entreguerras, a inflação, os altos impostos e o retorno da mulher ao mercado de trabalho (que significou um aumento da mão de obra disponível) diminuíram de tal modo a renda do homem comum que já não era mais possível que maioria das mulheres ficasse em casa.
Esse movimento forçado de saída da mulher do lar para o trabalho as feministas chamaram de libertação.
Óbvio que não está se defendendo aqui que as mulheres não possam trabalhar, não casar, não ter filhos ou que não possam agir de acordo com as suas escolhas em todos os âmbitos da vida. Não é essa a questão para as mulheres do século 21 pensarem a respeito.
O ponto da discussão é: em que medida a consequência do feminismo, para a mulher contemporânea, foi o estrangulamento da liberdade de escolha?
Explico-me. Por muito tempo, as feministas reivindicaram a posição de luta pelos direitos da mulher, exceto se esse direito for o direito de uma mulher não ser feminista.
Assumir uma posição crítica ao feminismo é hoje o equivalente a ser uma mulher que fala contra mulheres. Ilude-se quem pensa que na academia há um ambiente propício à liberdade de pensamento.
Como mulher e intelectual, posso afirmar sem pestanejar: nunca precisei “lutar” contra meus colegas para ser ouvida, muito pelo contrário. A batalha mesmo é contra as colegas mulheres, intolerantes a qualquer outra mulher que pense diferente ou que não faça da “questão de gênero” uma bandeira.
Não ser feminista é heresia imperdoável, e a herege deve ser silenciada. Até mesmo porque há muito em jogo: financiamentos, vaidades, disputas de poder, privilégios em relação aos colegas homens -que, se não concordam, são machistas e preconceituosos, claro.
Outro direito que a mulher do século 21 não tem, graças ao feminismo, é o direito de não trabalhar e escolher ficar em casa e cuidar dos filhos -recomendo, sobre a questão, os livros “Feminist Fantasies”, de Phyllis Schlaffly, e “Domestic Tranquility”, de F. Carolyn Graglia.
Na esfera econômica, é inviável para boa parte das famílias que a esposa não trabalhe. Na esfera social, é um constrangimento garantido quando perguntam “qual a sua ocupação?”. A resposta “sou só dona de casa e mãe” já revela o alto custo sóciopsicológico de uma escolha diferente daquela que as feministas fizeram por todas as mulheres que viriam depois delas.
O erro do feminismo foi reivindicar falar por todas, quando na verdade falava apenas por algumas. De fato, casamento e maternidade não são para todas as mulheres. Mas a nova geração deve debater esses dogmas modernos sem medo de fazer perguntas difíceis.
De minha parte, afirmo: não devo nada ao feminismo.

Brilhante análise! Mas faço uma ressalva quanto às origens históricas da emancipação da mulher. O “monstro” nasceu bem antes do século XX: surgiu com as idéias liberais e românticas de Jacques Russeau. O mito do “bom selvagem” do pensador suíço anti-cristão concebia a mulher como uma fêmea livre e promíscua, liberta do arquétipo de mãe e esposa (segundo ele, imposto pela Igreja Católica). A mulher de Rousseau devia ser autônoma, selvagem, e instintiva, como uma gazela que corre livre pelos prados. A emancipação feminina saiu do plano teórico de Rousseau para dar as caras no plano prático do cotidiano com a Revolução Industrial Inglesa, quando as mulheres passaram a viver o conflito “mãe ou operária”. Depois veio a Belle Époque. Agora o arquétipo de mulher virtuosa era a figura da Prostituta e das dançarinas do Can-Can. A “liberdade” de ser promíscua tinha um preço: libertar-se da dependência financeira do homem. As mulheres precisavam trabalhar para sustentar sua vida “livre e feliz”. O desgraçado século XX sepulta então o que restou da dignidade da mulher: a maldita revolução sexual com seus sutiãs queimados e gritos de um feminismo idiota. Hoje a mulher é “feliz” tomando anti-depressivos ou torrando dinheiro com cosméticos e cirurgias plásticas. Parabéns, Simone de Beauvoir e a todas as feministas amantes de intelectuais de esquerda do passado !!!!! Contemplem o que fizeram com suas filhas e neta !!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Como cooperar com Deus para desenvolver as virtudes teologais?


  A pergunta é bastante especifica, se as virtudes da fé, esperança e caridade, ou seja as virtudes teologais, que são dons de Deus para nós, são infusas em nós, são derramadas pela graça em nossos corações, se são realmente algo que vem de Deus, o que é o ser humano pode fazer para receber essas três virtudes, ou seja, em que sentido nós podemos cooperar com Deus que quer operar em nós.

    Pediríamos aqui fazer uma comparação, uma pequena metáfora, para que você entendesse qual é o relacionamento entre a ação de Deus e a Ação do homem, a primeira coisa que nós devemos evitar é o perigo do pelagianismo, o pelagianismo é uma heresia que diz que o ser humano não precisa do auxilio da graça, e o semi-pelagianismo diz que embora eu precise da graça de Deus a iniciativa é do homem, então nós já diremos desde o início a iniciativa é de Deus, ao mesmo tempo que eu sei que a iniciativa é de Deus e que eu preciso da graça de Deus para o desenvolvimento dessas virtudes eu não posso também dizer que o ser humano é totalmente passivo, porquê? Por que se não nós estaríamos caindo em uma outra heresia que é o Jansenismo, que diz que o ser humano é eleito por Deus, Deus tem os seus escolhidos e boa noite, acabou, não adianta você querer se esforçar, Deus já sabe quem vai ser salvo e outras pessoas, a maior parte das pessoas aliás, Deus criou para ir para o inferno, ou seja, uma massa de gente condenada ao inferno, entre esses dois extremos, um otimismo maluco que diz: “ah, eu ser humano posso chegar a santidade sem a ajuda de Deus.” E o outro pessimismo deprimente, onde eu não sou nada, e realmente não posso fazer nada, sou como um marionete na mão de Deus, como é que nós podemos entender catolicamente essa realidade das virtudes teologais?

   A metáfora então é a seguinte: você imagine uma mãe que quer ensinar o seu filho a andar, nós poderíamos então colocar basicamente quatro passos nessa pedagogia da mãe, a mãe é Deus, a criança é o ser humano, a mãe é Deus que age com sua graça em socorro da alma, e a criança é a alma que quer aprender a caminhar, ou seja, quer aprender a crer, a esperar, e sobretudo, a amar, que é a missão mais difícil, ter realmente a virtude do amor e da caridade perfeita, pois bem, como é que as duas realidade interagem? Imaginemos uma mãe, primeiro passo, que atrai o seu filho para que ele caminho, a mãe se apresenta ali na frente da criança com um pequeno chocalho colorido ou com uma balinha, alguma coisa que atraia a criança, com um sorriso no rosto ela vem e incita o coração da criança para que o coração da criança reaja.
  
Aqui se cumpre aquele versículo da Sagrada Escritura: “quando eu for elevado atrairei todos a mim.” É o amor de Deus que nos atrai, quando nós olhamos para cruz de Cristo, quando nós vemos a forma como ele nos amou, isso realmente faz com que o nosso coração se aqueça, quando nós olhamos para virtude dos Santos, quando nós vemos o quanto eles se configuraram a Cristo, o quanto eles deram a vida deles por Jesus, nós vemos aquela beleza que irradia da vida dos Santos aquilo aquece o nosso coração, Deus nos atrai. O profeta Oséias dia assim: “Quando Israel era menino eu o ensinei a caminhar, eu o atrai com vínculos humanos.” O primeiro passo então é de Deus, nós não podemos ser semi-pelagianos, a primeira iniciativa é do Nosso Senhor, ele vem ao nosso encontro, ele nos atrai, é ele que nos ama. São Bernardo diz com toda clareza: ”todos os seres humanos são obrigados a amar a Deus sobre todas as coisas, no entanto para os cristãos é mais fácil.” Porquê? Por que nós sabemos que Deus nos amou, então nosso “amar a Deus sobre todas as coisas” não é uma iniciativa nossa, é um “redamare”, um amar de volta. Ele me amou, como é que eu não vou amar de volta quem me amou assim? É como diz Santo Agostinho: “quam modo tale amore no redamare” como é que eu não vou amar de volta um amor assim
  
   O amor de Deus nos impele, São Paulo nos diz: “Caritas Christ urget nos”  o amor de Deus nos fascina, e é por isso que quando nós meditamos o mistério da paixão de Nosso Senhor, quando nós vemos a vida de Cristo acontecendo na vida de seus Santos isso aquece o nosso coração é o contato com a palavra de Deus encarnada, com a palavra de Deus que se fez carne. Como dizem os apóstolos que caminhavam em Emaús: “Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras.” Esse ardor, essa atração de Deus que nos leva a Ele, esse é o primeiro passo, é a mãe que incita a criança a caminhar.

   Mas, uma ação de Deus tem que haver uma reação humana e a reação da criança é ver que quando a mãe diz: “vem meu filho, vem” a criança ergue os seus pequenos braços indo pra mãe, confiando. Quem já não viu essa cena? Quem já não viu a cena de uma criança está no braço de uma outra pessoa, de repente ela enxerga a mãe, ela já vai, já se joga, já ergue os seus braços e pede para ir, é a prece, é a oração, é o pedido, é a suplica, nós precisamos, atraídos pela graça de Deus, suplicar a graça, Senhor eu quero caminhar, quero ter a força, eu quero ter a graça, se nós não pedimos a intervenção divina, a coisa fica muito difícil, é necessário que nós tenhamos essa consciência: Eu preciso pedir, creio Senhor, mas aumenta minha fé. Se minha fé é pequeniníssima como um grão de mostarda, ou menor ainda que um grão de mostarda, porque o Nosso Senhor disse que se nossa fé fosse pequena como um grão de mostarda iriamos remover montanhas, ao ver que nós não conseguimos nem remover pedras quanto menos montanhas, vemos que a nossa fé é minúscula. Eu creio Senhor, nós já cremos, sim, porque querer crer já é crer de alguma forma, quando eu quero crer eu já estou crendo, a ação da graça já atuou em mim, mas querer crer é alargar o nosso coração, é pedir, é fazer uma prece, uma suplica ao Nosso Senhor, que ele venha em nosso socorro. Peça, quando você ver o seu coração incrédulo, diga: “Senhor eu quero crer.”, quando você ver o seu coração desesperado ou presunçoso: “diga Senhor eu quero esperar.”, quando você ver o seu coração egoísta, avarento, fechado, sem castidade, usando os outros, se aproveitando diga: “Senhor eu quero amar, eu quero.”

   Esse ato de vontade que já foi suscitado pela graça de Deus que me atraiu, pela graça de Deus que me fascina , pela graça de Deus que me toca, o primeiro passo é sempre de Deus mas o segundo passo precisa ser seu, você precisa reagir, você precisa pedir o aumento dessa graça, então a mãe atrai a criança mas a criança precisa erguer os seus bracinhos e pedir a intervenção da graça de Nosso Senhor, mas não para por ai, quando eu peço a graça, a mãe bondosa ouve o meu pedido, sim, Deus vem ao meu encontro e então, Ele ergue a criança. “Quando Israel era menino eu ensinei a caminhar” a mãe que sustenta a criança pelas suas mãozinhas, quem faz toda a força é a mãe, quem dá todo equilíbrio a criança é a mãe, quem sustenta o peso da criança é a mãe, é a ação da graça é a virtude, nós precisamos crer que existe uma intervenção Divina, nós precisamos acreditar nisso, nós não somos pelagianos que acham que Jesus deu somente um exemplo, imagine se Jesus só tivesse dado o exemplo, nós seriamos esmagados pela exigência de seguir esse exemplo, porque se ele amou assim nós olhamos para a nossa debilidade, a nossa fraqueza, a nossa miséria e vemos que nós damos conta de amar assim, nós não conseguimos amar assim, então é que precisamos de uma força que vem do alto, é a ação de Deus, Ele me sustenta, Ele carrega o peso, Jesus é o nosso Sirineu, aquele que carrega o peso de nossa cruz porque não damos conta de carregar o peso, de tal forma que quando eu sofro na cruz, não sou eu quem sofro, é Cristo que sofre em mim, é ai que nós podemos dizer como São Paulo: “Vivo, mas não eu. Cristo vive em mim.” É ai que eu posso realmente dizer como São Paulo, com Nosso Senhor Jesus Cristo “cocrucifixi cum Christo” eu estou Co-crucificado, São Paulo chega a criar uma palavra que não existe, “eu sou crucificado junto com ele”.

  Então, nesta ação divina, que me sustenta que me ergue, que faz com que a criança ande, existe o quarto passo, que é a reação da criança, a criança precisa mexer as pernas, sim, a mãe levanta a criança pelas mãozinhas, mas se a criança não mexer as pernas ela num vai a lugar nenhum, a mãe não vai arrastar a criança, ela precisa dar os seus passos, passos frágeis, trôpegos, com aquelas pernas cambaleantes, trançando as pernas, mas a criança precisa se esforçar, eu preciso reagir a graça de Deus, então vejam, são quatro passos, muito simples de se aprender, mas um desafio pra vida, Deus me atrai, número um, número dois: eu peço a graça; atraído por aquela beleza eu digo: “eu quero isso para mim, eu quero esse amor para mim, eu quero viver essa vida divina, essa vida extraordinário” A suplica, o pedido, a prece, batei e abrir-se-vos-á, se você não pede você não recebe, se você não procura você não encontra, então a graça responde, Deus vem ao nosso encontro, Deus se fez carne, e assim como ele se fez carne no ventre de Maria ele pode se fazer carne no seu coração, todo Cristão deve imitar Maria, colocando-se a disposição para que o Verbo se faça carne, e então você vai ser como, diz Santa Elizabete da Trindade, uma humanidade supletiva, uma humanidade a mais colocada em Cristo, como membro do corpo de Cristo ele vai agir em você, ele vai agir com a sua graça, é o número três, é a ação da graça de Deus, mas, número quatro, você precisa corresponder a essa graça fazendo também o seu esforço, é assim que as virtudes da fé, da esperança e da caridade, são virtudes infusas, são virtudes teologais, são virtudes dadas por Deus, mas tem que haver uma cooperação do homem, é muito diferente isso que eu estou dizendo, esses quatro passos, da atração divina, prece do homem, intervenção da graça e correspondência do homem.

   Esse quarto passo é muito diferente do que você pensar que você é um marionete na mão de Deus, um marionete não faz esforço algum, o marionete  não corresponde,  marionete é pura passividade, nas mãos do artista quem está realmente agindo não é o marionete, mas nós não somos marionetes de Deus, nós podemos e devemos corresponder.
 
   Deus que pode criar tudo, tem algo que Ele não pode criar, Ele não pode criar o amor em você, sim, Ele espera de você o amor porque o amor tem que ser livre, se eu pegar uma faca encostar no seu pescoço e disser: “ama-me!” naquele momento torna-se impossível, porque o amor ou é livre ou então ele não é amor, então Deus pode te dar a graça, pode te erguer, pode te dar todos os bens e intervenções divinas necessárias para que você ame, mas se você não  mexer as pernas e amar, caminhar, dar os seus passos, por trôpegos que sejam, você jamais irá conseguir amar a Deus, exige algo da sua liberdade, então vamos entrar nessa dinâmica do amor, fé esperança e caridade essas três grandes virtudes teologais, sem as quais não é possível agradar a Deus, fé, esperança e caridade.

   Que Ele venha ao nosso encontro, nos atraia com seus vínculos de amor e assim poderemos corresponder ao amor eterno com o qual fomos amados. “quam modo tale amore no redamare” Como é que eu não amarei de volta um amor grande assim?

sábado, 11 de agosto de 2012

Casamento em Crise


   

O que fazer com um casamento, uma vez que o sentimento desapareceu?
    A primeira coisa que gostaria de dizer é o seguinte, o amor não é sentimento, e se o sentimento está acabando, graças a Deus, agora chegou a hora de você finalmente amar sua esposa, ou seu marido.
   Deixe-me explicar, Vamos entender como é que é o ser humano, o ser humano ele é feito de corpo e de alma, agora os animais não tem alma, os animais não tem alma espiritual e por isso não são capazes de amar, mas os animais são capazes de sentir, ou seja, o cachorrinho fica todo cheio de sentimentos e excitações sexuais por ver a cachorrinha, então é claro, os animais sentem, os animais tem sensações físicas e corpóreas, mas o corpo é algo que sozinho não é capaz de amar.
   O ser humano é essa forma extraordinária de maravilhosa de a alma viver com o corpo, ou seja, de a matéria conviver com o espírito, isso quer dizer que nessa sinfonia de matéria e de espírito, de corpo e de alma, nós podemos fazer algo que só Deus é capaz, nós podemos amar.
   E o que é o amor? O amor foi revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz, o amor é uma aliança, um pacto, um testamento, uma nova e eterna aliança, um pacto em que duas pessoas se unem e dizem: “eu amo você, apesar de você, eu amo e vou dá a minha vida para que você encontre a felicidade eterna junto de Deus.”
   Este é o amor verdadeiro, então vamos ser bem concreto na situação que propusemos, veja, você se casou, encontrou sua namorada a algum tempo atrás, teve grandes sentimentos por ela, noivou, casou e agora você está em crise por que o sentimento sumiu.
   Mas veja só, o sentimento sempre some em tudo, porque o sentimento é algo do corpo, é algo que está ligado ao físico, veja, é claro que não estamos tratando apenas de sentimento sexual, de instinto sexual, estamos falando de afeto, o afeto está desaparecendo, mas saiba que afeto é sensação, e toda sensação é física, o afeto irá desaparecer porque o nosso corpo não é capaz de sustentar a mesma realidade o tempo todo, o nosso corpo é feito de subidas e descidas e muitas vezes é feito de um verdadeiro declive.
   Você veja, por exemplo: você come pudim pela primeira vez: “puxa vida, que coisa gostosa!” na segunda fatia não é a mesma coisa, e quando na semana seguinte você tenta reproduzir aquela mesma experiência do início você não é capaz.
   Se isso é verdade com relação ao pudim, quanto mais não será verdade em relação à experiência afetiva.
   Você se enamora pela menina, na noite em que você a conhece sai faíscas dos seus olhos, depois você namora durante um ano, e um ano depois você já vê que não é bem a mesma coisa, vocês estão no vôo da galinha, é um vôo que vai baixando de nível. Cinco anos depois você já começa a ver os defeitos dela de tal forma que você precisa fazer uma força pra sentir alguma coisa. Dez anos depois as coisas evaporaram, e o casal entra em crise, e o casal começa a se perguntar: “o que é que houve de errado?” e começam aquelas acusações: “eu não sou feliz por sua culpa!”, “eu não sou feliz e a culpa é sua!”, pois bem, saibam: isso é o roteiro, não é que isso pode acontecer, isso vai acontecer! Com toda probabilidade acontecerá, mas é ai, quando os sentimentos vão diminuindo, é ai que entra em ação o verdadeiro amor.
   O verdadeiro amor é uma aliança, uma aliança em que eu digo: “eu não desisto de você, apesar de você! Eu não sinto, mas eu amo!”, ou seja, eu dou algo de mim, veja é importante ver aqui a grande diferença entre a doação que é o amor, e um prazerzinho egoístico, se eu estou com essa pessoa porque ela me dá prazer, então na verdade, o meu casamento é uma espécie de masturbação a dois, eu vou lá porque eu sinto um prazerzinho, quando o prazer desaparece. Quando o prazer evapora, aí é que você é capaz de amar e de ter aquele amor desinteressado.
   É assim também na nossa vida espiritual, quando você se converte é um prazer rezar, você tem sensações alegres na oração, é bom está ali com Deus, de repente as sensações vão diminuindo, ai você diz: “tem alguma coisa errada, eu não estou mais sentindo Deus”, mas não tem nada de errado, é o corpo que não consegue sustentar aquelas sensações, e você, na sua vida espiritual, precisa agora ir lá à frente do sacrário e dizer: “Deus, eu não quero está aqui, eu não acho bom está aqui, mas eu estou aqui porque eu Vos amo.”
   Isso é o verdadeiro amor, é entrega, é doação, pois bem, isto deve acontecer também no seu casamento, é o momento da perseverança, é o momento da renuncia de si, é o momento em que nós notamos em que um casamento vai para frente mais por causa de Deus do que por qualquer outra coisa, se você chegou naquele momento em que você diz: “olha, eu só estou com essa pessoa por Deus.” Então você chegou ao ponto de amar.
   Onde é que acontece então o amor verdadeiro? O Amor verdadeiro acontece quando eu, esquecido de mim, dou a Deus a pessoa que eu amo, e desejo verdadeiramente que essa pessoa seja feliz em Deus. Amar uma pessoa é querer que ela um dia esteja no céu, amar uma pessoa e desejar a salvação eterna dela, esse é o verdadeiro amor, porque o amor deseja o bem, o amor perfeito deseja o sumo bem, e qual é o sumo bem? O sumo bem é ver a pessoa com Deus.
   Pois bem, eu me dou, eu me entrego, eu sou capaz de renunciar à alguma coisa para que aquela pessoa esteja mais próxima de Deus, para que aquela pessoa vá se aproximando de Deus cada vez mais, então, é ai que acontece o milagre, o milagre do amor.
   Vamos olhar, o casalzinho que acabou de se conhecer na danceteria, na boate, na balada, e o casal que está casado a cinqüenta anos, quem tem mais sentimentos? É evidente o casal que acabou de se conhecer. O casal que está casado a cinqüenta anos os sentimentos evaporaram. Mas quem tem amor? Os casais que estão a cinqüenta anos juntos, quantas e quantas vezes, quando um morre o outro morre logo em seguida porque não consegue entender a própria vida sem o outro. Ali, ali se dá o verdadeiro amor, ali se dá o amor que perseverou, em aliança eterna, mesmo quando os sentimentos evaporaram.
   Então, se os seus sentimentos evaporaram e você hoje vê que não tem mais o sentimento que tinha pela sua esposa ou pelo seu marido, é sinal de que chegou o tempo, chegou o tempo oportuno, chegou o tempo favorável, não perca essa chance, agora chegou a chance de você finalmente amá-la ou amá-lo.

domingo, 5 de agosto de 2012

Quem pergunta quer resposta (06)- Tatuagem e Piercing, existe base na Bíblia que proíba?




   Primeiro, essa mania de procurar base na Bíblia pra tudo é um mau vezo protestante, ou seja, nós podemos e devemos apreciar a Bíblia e se a Bíblia tem uma resposta direta, então, claro, nós vamos ter em alta estima essa resposta direta da Bíblia, mas a Bíblia não vai responder tudo.
   Então, nós aqui não temos que olhar tanto para a Bíblia como versículos, mas temos que olhar para a Bíblia enquanto caminho moral que ensina a Igreja por onde caminhar, e a moral da Igreja está solidamente colocada no catecismo da Igreja Católica.
   Se você for olhar no catecismo da Igreja Católica você vai notar que no comentário a respeito do quinto mandamento, não matarás, existe também o pecado de quem atenta contra o próprio corpo, ou seja, de quem faz algo que prejudica o seu corpo, como a mutilação, ou seja, algo que tira a saúde, então o “não matarás” vale também para nós mesmo.
   É baseado um pouco nessa realidade que nós podemos já falar, desde agora, daquilo que é uma cultura sadomasoquista que está sendo implantada de uma forma cada vez mais clara em nossa sociedade, deixe eu explicar pra você, antes de eu chegar lá no piercing e também na tatuagem.
   Veja, pelo pecado original a nossa forma de amar está doente, Deus nos colocou nesse mundo para nós amarmos uns aos outros, nós precisamos nos amar, e amar quer dizer, de alguma forma eu morrer pelo bem do outro, mas o pecado original fez com que se inserisse uma idolatria no nosso jeito de amar, de tal forma que o nosso jeito de amar tende a ser sempre um jeito de amar em que existe um senhor e um escravo.
   Você pode ver: quem tem namorado, namorada, casado ou também tem amigos, nas amizades também acontece isso, você pode ver que as pessoas com quem você se dá bem, de uma forma geral, você pode descrever a sua relação com aquela pessoa como uma tendência de um dominar o outro ou muitas vezes uma briga para que um domine o outro, é a coisa do senhor e escravo, e essa coisa do senhor e escravo quando a gente leva para um extremo, quando você alimenta essa serpente, ela se torna uma víbora gigante que se chama sadomasoquismo.
   O sadomasoquismo é uma forma doente de amar, onde um senhor provoca dor e mutilação no outro e um escravo sente prazer de ter um dono e de ser mutilado, pois bem, existe essa cultura na base do piercing, na base do piercing existe essa realidade de que: “eu acho erótico, eu acho sexy, eu acho interessante a mutilação, mutilar o meu corpo é legal”, e isso não pode ser sadio espiritualmente.
   Não pode ser sadio espiritualmente você profanar o seu corpo que é templo do Espírito Santo com a mutilação, porque é sexy você colocar piercing no umbigo, na orelha, na língua ou até nos órgãos genitais.
   Veja que atrás da cultura do piercing, existe uma cultura do erotismo, claro, a pessoa que põe um piercing acha aquilo sexy, agora eu pergunto: “porque é sexy a mutilação? Não existe algo de doente nisso? Não existe algo de mal em você provocar no seu corpo uma deformação?
   E ai nós podemos passar para a tatuagem, a tatuagem também, vejam, eu não vou entrar aqui num outro aspecto da tatuagem que eu acho auto-explicativo, é evidente que as tatuagens que tem temática pagã ou satanista não são cristãs, você colocar tatuagens no seu corpo de deuses pagãos, de satanás, de morcegos, caveiras e coisas que incitam para a morte e para o sadomasoquismo, é evidente isso ai já está explicado, não pode ser.
   Mas e porque não tatuar o rosto de Jesus, a cruz de Cristo, as iniciais da Virgem Maria, veja, em si mesmo, isso não é proibido, mas o problema é a cultura na qual isto se insere, a cultura na qual a tatuagem se insere é essa cultura de deformação do corpo, por isso, se nós considerássemos isoladamente o fato do piercing e o fato da tatuagem em si a coisa não nos parece que seja excessivamente má ou que tenha uma maldade em si, afinal o que é que é fazer um buraquinho na orelha, um buraco na língua, a Igreja não aceita a tantos e tantos séculos a prática das mulheres de fazer uma pequena perfuração na orelha para colocar um brinco, a Igreja aceita, então porque não aceitar um buraco maior? Existe a cultura dos povos indígenas que também fazem “piercings” por assim dizer, até muito maiores, mas a Igreja aqui ela não olha para o fato
   Eu quero que você entenda o que é um pecado, o pecado gente, não é uma coisa do corpo, o pecado é uma invenção angélica, o pecado foi inventado pelos anjos, não fomos nós seres humanos que inventamos o pecado, quem inventou o pecado foi satanás e seus demônios, portanto o pecado é uma coisa espiritual, então o problema não está no que você faz fisicamente, o problema está no que você está fazendo espiritualmente.
   Veja, pra ficar bem claro pra você o que eu estou dizendo: uma mulher e um homem que estão tendo uma relação sexual, é pecado sim ou não?
   Bom, depende, se os dois são casados e tem uma atitude espiritual de viver o sexo num compromisso, para sempre, de um amor responsável, fecundo, e vivem o sexo de forma sagrada, abençoada no Santo Matrimônio, isso não é pecado, agora o próprio Santo Agostinho nos recorda que o ato que a prostituta realiza e o ato conjugal é idêntico, e onde está a diferença?
   A diferença está no espírito, não é o corpo que peca, quem peca é a alma, e é por isso que já que é a alma que peca, você tem que entender que para dizer se um piercing é ou não pecado, e se uma tatuagem é ou não pecado você tem que olhar para atitude espiritual que está por trás.
   E o contexto espiritual do piercing e da tatuagem na cultura ocidental, que é de matriz cristã, é um contexto de revolta, isso é muito importante, é a atitude de revolta revolucionária, onde eu quebro, rompo com os parâmetros tradicionais e então apelo para um novo mundo, um novo jeito de ser, e esse novo jeito de ser que infelizmente não é muito bonito não, porque é um novo jeito de amar todo marcado pelo sadomasoquismo.
   Então o que é que é uma tatuagenzinha? Em si não é nada, mas a tatuagem está numa espécie de declive espiritual, você começa com a tatuagem, começa colocando o nome de Jesus e Maria no seu corpo, daqui a pouco você começa a venerar coisas dessa cultura sadomasoquista, destruidora que vai destruindo nossa forma de amar, cai num erotismo, vejam que o que está na moda não é fazer tatuagem de Jesus, o que está na moda é fazer tatuagens em partes eróticas, por exemplo, as mulheres colocam tatuagens em algum lugar para salientar e fazer as pessoas olharem para os seios, ou para o seu quadril, ou para algum lugar perto dos órgãos genitais, e assim vai. Os homens fazem a tatuagem para salientar os bíceps, os músculos, para salientar sua força física, existe sempre atrás disso um erotismo que caminha para a degradação da nossa forma de amar.
   Por isso não procure a moralidade ou a imoralidade de uma coisa somente no fato físico, o pecado é sempre uma realidade do espírito, o pecado é sempre algo no seu espírito.
   Porque o pecado é sempre buscar felicidade onde ela não se encontra, procurar Deus onde ele não se encontra, então é isso que vai dizer se algo é pecado ou não.
   Na tatuagem e no piercing existe uma atitude espiritual de não respeito pela ordem de Deus, a criação de Deus, a forma que Deus nos deu para amar, existe uma atitude também de profanação e dessacralização daquilo que é o templo de Deus, o seu corpo, obra maravilhosa da criação, que, lembre-se vai ressuscitar e também entrar no céu para glória de Deus por todos os séculos.